É comum a queixa na consulta pediátrica envolvendo problemas de regurgitação e vômitos recorrentes, sobretudo durante o primeiro ano de vida. A intensidade dos sintomas pode variar de regurgitações ocasionais a vômitos persistentes. (1,2)
O refluxo gastresofágico pode ser classificado basicamente em fisiológico, patológico e oculto.
O Refluxo fisiológico é aquele que não possui repercussão clinica na criança e que tende a diminuir a frequência e a intensidade com o avançar da idade. Representa a maior parte dos casos e geralmente se inicia entre o nascimento e os três meses de vida. A evolução da criança é satisfatória sem comprometimento do crescimento e desenvolvimento da criança.
O refluxo considerado patológico é aquele associado a complicações, sendo portando considerado uma doença. Quando os vômitos são importantes e frequentes, podem comprometer o estado nutricional das crianças, ou seja, ocorre um declínio no ganho de peso e crescimento ao longo do tempo. Além desses sintomas, vale ressaltar que irritabilidade, sono inquieto, recusar alimentar ou saciedade precoce podem fazer parte da sintomatologia. (3)
O refluxo oculto é assim denominado, nos casos em que não há vômitos e regurgitações, mas, sobretudo manifestações respiratórias e otorrinolaringológicas. Pacientes com doença pulmonar recorrente (asma, pneumonia de repetição e tosse noturna) devem ser investigados.
O diagnostico de Doença do Refluxo fisiológico é clinico na maioria das vezes, ou seja, não há necessidade de exames complementares. Porém, se necessário existem exames que podem ser solicitados para melhor elucidação do diagnostico. (2,3)
O tratamento visa resolver ou diminuir a intensidade dos sintomas e é constituído por medidas posturais e métodos farmacológicos quando necessário. O lactente deve ser mantido em posição vertical após as mamadas por no mínimo 30 minutos, prazo que facilitar a eructação e o esvaziamento gástrico. O mesmo não deve ser colocado logo após no bebê-conforto pois a compressão mesmo discreta do abdome pode facilitar a ocorrência do refluxo. (4,5)
As modificações dietéticas também fazem parte do tratamento, existem alguns alimentos que devem ser evitados (no caso de crianças e adolescentes) e existem no mercado fórmulas lácteas AR (anti-regurgitações) – caso a criança não esteja mais em aleitamento materno.
Nota-se, portanto, que acompanhar o desenvolvimento e o crescimento periódico da criança é o fator primordial para diagnosticar patologias como refluxo e iniciar o tratamento precoce.
Aline Vilela Mees
Pediatra CRM 19172 DF
Bibiliografia
1 Orenstein S. Gastroesophageal Reflux. In: Wyllie R, Hyams J eds. Pediatric Gastrointestinal Disease. 2nd edition. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 199: p 164-187.
2- Nelson SP, Chen EH, Syniar GM, Christoffel KK. Prevalence of symptoms of gastroesophageal reflux during infancy. A pediatric practice-based survey. Pediatric Practice Research Group. Arch Pediatr Adolesc Med. 1997;151:569-72.
3- Vakil N, van Zanten SV, Kahrilas P, Dent J, Jones R; Global Consensus Group. The Montreal definition and classification of gastroesophageal reflux disease: a global evidence-based consensus. Am J Gastroenterol. 2006;101:1900-20
4-Rudolph CD, Mazur LJ, Liptak GS, Baker RD, Boyle JT, Colletti RB, et al. Guidelines for evaluation and treatment of gastroesophageal reflux in infants and children: recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2001;32 Suppl 2:S1-31.
5- Fiedorek S, Tolia V, Gold BD, Huang B, Stolle J, Lee C, et al. Efficacy and safety of lansoprazole in adolescents with symptomatic erosive and non-erosive gastroesophageal reflux disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2005;40:319-27.
Autor: Dr.Alexandre Paz CRM DF 17099 infectologia pediátrica